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Ora bem, tal como prometido no meu post inicial, vou começar a descrever um pouco a minha impressão sobre Bissau, a capital da Guiné-Bissau.

Para organizar um bocado as ideias, vou separar o restante post em duas partes: a viagem de ida e a minha estadia.

 

A viagem

 

O José, responsável do projecto Amigos das Escolas de Guiné-Bissau em Cacine, também conhecido por ser a minha boleia para o sul, só vem a Bissau uma vez por mês. Nesta altura, ele vem dia 1 de Fevereiro. Como as viagens eram mais baratas uns dias antes, pensei em ir mais cedo e "fazer tempo" em Bissau, até ao dia da partida para Cacine. 

Como disse, vim para a Guiné-Bissau através de um contacto. Esse contacto é o Francisco, que é filho dos meus padrinhos de baptismo, e português que trabalha cá em Bissau para a Comissão Europeia. Ao falar com o Francisco sobre esta minha ideia de ir uns dias mais cedo, ele foi um bacano e ofereceu-me estadia durante esse curto período. Isto é relevante para esta parte porque o Francisco também veio no mesmo voo de Lisboa para Bissau (calhou) e isso é revelante para a descrição da chegada a casa dele.

Portanto dia 27 de Janeiro, sábado, foi o dia escolhido para a partida (não há assim grande escolha, só fazem três voos por semana para Bissau: terça, quinta e sábado). Tudo tranquilo para a partida, cafezinho no aeroporto, ir à casa-de-banho e seguir para a porta de embarque. Primeiro problema: indicação do voo para Bissau - Final Call ("calma Pedro, a porta de embarque abriu há pouco tempo, está na boa"). Estaria de facto, se não fosse o segundo problema: antes da chegada à porta de embarque...onde está aquele meu caderno onde tenho o passaporte e o bilhete para a viagem que vou fazer?? Não encontro na mala..................................................CASA-DE-BANHO (FACKKK!!!). Depois de ter saltado dois batimentos cardíacos, corrida fácil até à casa-de-banho, entro, não está lá o caderno. Em simultâneo, dois acontecimentos: o meu pai liga-me uma senhora das limpezas chama-me. "Pedro, perdeste o passaporte?!", "Desculpe, boa tarde, perdeu um caderno que tinha o passaporte e um bilhete de avião?". "SIM!", respondo eu. Abençoada a senhora da limpeza que me levou o caderno para a porta de embarque e abençoada cabeça que se lembrou de pôr um contacto de emergência no caderno, o do meu pai. Corrida fácil para a porta de embarque, estava lá o caderno, agradeci a Nossa Senhora dos Passaportes e Bilhetes de aviões, segui e entrei no avião. Não tenho nada de relevante a dizer sobre a viagem de avião, um bocado seca 4h30 de viagem, mas sem problemas.

Chegada ao aeroporto de Bissau, entrada no autocarro dentro da pista para fazer uma viagem de 15s (é que nem estou a exagerar) até ao edificío do aeroporto, muito útil. Que dizer sobre o aeroporto? Muito barulho, muita gente, miúdos responáveis por pegar no carrinho de malas, uma única e precária pista para as malas que vinham no porão (verdade seja dita que só existe um voo, não é necessário mais que uma pista). O Francisco diz-me que vamos de boleia para casa com a empresa de segurança que está 24/7 à porta de casa dele (say what, mate? Isso mesmo). Saímos para a rua já com as malas, muita gente à espera: taxistas e pessoas aleatórias. Primeira impressão de Bissau na viagem para casa: muita gente na rua (na estrada mesmo), o que são regras de trânsito? os poucos edifícios...degradados, cenas arder (??), terra batida com buracos em partes do percurso. Foi um bocado assustador fazer aquele percurso à noite, tenho que admitir. O primeiro choque da chegada a uma realidade aparentemente tão diferente da que estava habituado não foi fácil de digerir. Chegámos a casa, sala gigante, três andares, cozinha e um quarto para eu dormir, impecável. 

 

A estadia

 

Confesso que tenho sido um previligiado durante estes dias, daí o título do post (que roça um tema delicado mas eu gosto de viver no perigo e tenho zero pessoas a seguir este blog). A casa é espaçosa, tenho um ar-condicionado no meu quarto e água quente para tomar banho. De manhã acordo às horas que quero e, quando isso acontece, desço as escadas, vou à cozinha e está a Mariana, a empregada guineense que trabalha cá em casa todas as manhãs, que de imediato mete a aquecer uma cafeteira e enche o meu tabuleiro do pequeno almoço com pão, manteiga, fruta fresca e sumo natural que de seguida é levado para  o jardim para eu me servir.

 

"Bom dia, Mariana!" em gif: 

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Só de pensar que em Portugal, desde que me lembro, tenho que levantar e preparar o meu pequeno almoço que pode ou não incluir pão, dependendo se este existe em casa. Era capaz de me habituar a esta vida. Agora a sério, isto também é estranho e não me sinto assim tão confortável a ser tão bem tratado.

Mas enfim, sempre com noção que vou passar disto para Cacine, onde a realidade vai ser  a oposta. Dead man walking in here.

 

(Ainda bem que esta parte ficou curta. Temo que ao contrário do que prometi no post inicial, a minha capacidade de síntese continua má pa cacete. Façam o mortal encarpado se ainda aí estão, três amigos).

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publicado às 23:27

Olá olá. Tal como indiquei na descrição do blog, vou relatar a minha experiência da viagem que estou a fazer. Decidi criar este blog para ser mais fácil contar a amigos como está a ser, em vez de estar a contar individualmente a cada um (mesmo que sejam só tipo 2 amigos na minha lista. Tudo bem, mãe e pai?). Não tenho qualquer pretenção em ser seguido por desconhecidos. Se o leitor se insere na segunda categoria e mesmo assim quer continuar a ler, 1) bem-vindo 2) isto pode ser desinteressante e um pouco pessoal demais (não tenho livro de reclamações). Prometo ainda esforçar-me para que este blog não seja um conjunto de textos melosos e bonitinhhos, como imagino que sejam outros blogs de viagem (não sei, nunca li nenhum). Tenho noção que uma aventura deste tipo vai ter momentos maus e difíceis, não os vou esconder.

Gostaria de começar por explicar o que estou a fazer na Guiné-Bissau, para dar algum contexto a este blog. Sou o Pedro, tenho 24 anos, sou Português e terminei os meus estudos em Engenharia Informática no final do ano passado. Durante o meu mestrado, comecei a alimentar a ideia na minha cabeça de fazer uma experiência diferente, em vez de seguir o percurso normal e começar a trabalhar. Escolhi fazê-la agora porque penso que seja a melhor altura, em termos de tempo livre, para fazer algo que dure mais que apenas algumas semanas. Além disso, estou numa fase muito boa da minha vida em que não tenho compromissos e responsabilidades por aí além, por isso posso "alienar-me" da minha vida em Portugal. Particularmente, vou fazer voluntariado porque quero manter-me ocupado; não me vejo a fazer uma viagem longa sozinho a passear por aí, qual backpacker da moda, pelo menos para já. Desengane-se quem ainda pensa que sou boa pessoa só porque vou fazer voluntariado. Não aspiro a mudar o mundo, ajudando os outros, a consciência da minha pequenez torna-me humilde/egoísta (que fixe).

 

De seguida, vou contextualizar a escolha da Guiné-Bissau como palco para este plano mais ou menos pensado. Devo desde já mencionar que sou desorganizado e deixo as coisas para a última, de maneiras que estou disponível desde os ínicio de Novembro de 2017 e estou a iniciar esta viagem no final de Janeiro de 2018. Estive algum tempo até encontrar um projecto de voluntariado que eu à partida gostasse e que me aceitasse. O meu plano sempre foi encontrar algo fixe mas mais importante com poucos custos para não ter que chular os meus pais. Consegui o contacto de um jovem habitante em Bissau que esteve para fazer voluntariado num projecto no sul do país, mais precisamente em Cacine. O projecto chama-se Amigos das Escolas da Guiné-Bissau. Depois de falar com este jovem, quis saber mais e enviei um mail ao responsável do projecto, um tal de José Valberto, um brasileiro que criou o projecto há mais de 20 anos. Pouco tempo depois decidi que era isto que queria fazer (confesso que já estava a desesperar por ainda não ter nada para fazer).
A ideia que me "venderam" é que Cacine é uma zona meio isolada onde existe uma pequena comunidade e onde existe uma escola improvisada para as crianças e adultos dali. Vou ficar até Maio deste ano, contabilizando um total de 3 meses e tal longe da comida da mamã. No contexto do projecto, já sei o que vou fazer: vou dar aulas de informática e Português (tanto pode ser giro como horrível porque nunca dei aulas a ninguém). Pena que não me deixaram ser o contínuo da escola, sempre quis conhecer melhor essa raça de profissionais.

No entanto, não fui directamente para Cacine quando cheguei à Guiné-Bissau. Estou neste momento em Bissau, a capital do país. Mais sobre estes dias em Bissau e o plano para a descida até Cacine nos próximos posts (é assim que se cria hype para lerem os outros posts, certo?).

(Este texto ficou longo pa cacete, espero melhorar a minha capacidade de síntese, caso contrário nem os meus 2 amigos vão ler isto).

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publicado às 11:27




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