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Este será o último post dedicado às fotos. Presenteio-vos, por isso, com muito pouco texto introdutório.

 

O meu caminho para casa que dificilmente vou esquecer:

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O início da minha festa de despedida

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Tempo para jogar Baralho (neste momento já tinha perdido portanto aproveitei para tirar fotos):

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As minhas turmas, cada aluno com o seu certificado de fim de curso:

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Claro, o badju (baile):

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As férias de um turista branco, na ilha de Orango (espectacular):

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ainda na ilha de orango:

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tirei muitas fotos hipsters na ilha de Orango:

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 Uma foto da ilha de Bubaque:     

jk...devido ao imprevisto, acabei por não tirar muitas fotos nesta visita. 

 

 

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publicado às 18:37

Então, depois de uma grande experiência, em condições humildes, voltei a Bissau. Neste regresso senti que a cidade é bastante desenvolvida, comparando com Cacine. Anteriormente, Bissau parecia-me uma cidade com a sua beleza no meio do caos, mas atrasada. Engraçado como tudo pode ser posto em prespectiva. Mas enfim, avançando para o tema do post

A Guiné-Bissau é um país muito rico em termos da natureza e por isso tem um enorme potencial para o turismo. Apesar de não o aproveitar bem, as ilhas Bijagós são  o local mais turístico do país, sendo que há muitos hotéis em algumas ilhas que são investimentos de estrangeiros. Para completar a minha experiência e para fazer férias antes de voltar à realidade do meu país, decidi conhecer esta parte do país ao mesmo tempo que rebento o meu orçamento para esta grande aventura na Guiné-Bissau. A minha ideia inicial era passar 4 dias na ilha de Bubaque, uma das mais visitadas, mas o Francisco falou-me de uma promoção para passar o fim-de-semana na ilha de Orango. Então, de sexta à tarde a Domingo conheci a ilha de Orango e de domingo à tarde a terça na ilha de Bubaque.

 

Ilha de Orango

 

Para a ilha de Orango fui numa cena bem preparada, um pacote com tudo incluído. O Francisco também foi. Partimos de Quinhamel, uma tabanca perto de Bissau, à hora de almoço. O barco que nos levou é do hotel onde ficámos (como acontece com muitos hoteís nas ilhas), grandes condições comparado com os barcos que eu já andei aqui na Guiné-Bissau. A viagem foi um bocado atribulada porque apanhámos vento, ondas consideráveis e assim. Mas o barco não tinha buracos, como noutras aventuras, por isso nem deu pica.

Quando chegámos ao hótel, 4h30 depois, fiquei embasbacado com o sítio. São várias habitações muito perto da praia, um local completamente entregue ao pessoal hospedado no hotel, com muita natureza à volta. Apercebi-me que estaria a iniciar um fim-de-semana de férias como aquelas que se vê nos filmes em ilhas inóspitas.

Foi muito calmo e um fim-de-semana sobretudo de descanso. O pacote turístico era, na verdade, um fim-de-semana da biodiversidade. Isto traduz-se numa visita à tabanca mais próxima, para conhecer o trabalho de um curandeiro e ver danças tradicionais. Confesso que achei tudo um bocado turismo forçado para branco, principalmente quando estávamos entre as pessoas da tabanca, que aproveitaram para fazer o seu comércio. Tanto que à tarde, quando era suposto ver as danças tradicionais, deixei-me ficar pela praia em frente ao hotel.

 

Ilha de Bubaque

 

Portanto, na volta da ilha de Orango, enquanto que o resto dos hóspedes foi para Bissau (inclui o Francisco que trabalha durante a semana), fui deixado na ilha de Bubaque. As diferenças do fim-de-semana é que fui sem hotel marcado, sem nada decidido e sozinho. Mas não estava preocupado, Cacine preparou-me bem para aventuras na Guiné-Bissau. Acabei por ficar num hotel médio, com uma vista incrível para o mar. Penso que, além de mim, só havia mais um hóspede. Fui muito bem tratado durante o tempo lá. Quando cheguei perguntei, pelas condições e perguntei sobre a hipótese de ir até à praia de Bruce, no lado oposto da ilha e segundo tinha ouvido o melhor da ilha, com uma bicicleta alugada. Tudo bem encaminhado para o único dia que tinha para conhecer a ilha (terça-feira o barco partiu de manhã cedo)

Houve apenas um aspecto que limitou a minha experiência na ilha de Bubaque. No meu percurso para a praia de Bruce, cerca de 18 km, comecei a sentir-me muito mal disposto. Doei o meu pequeno-almoço, outrora no meu estômago, a várias localizações na estrada do percurso. Parecia que nunca mais chegaria à praia e quando cheguei, passei o resto dia no bar da praia do hotel, deitado, a dormitar e a sentir-me pessimamente. Decidi que não estava em condições para voltar de bicicleta para o hotel e esperei que passasse a hora de maior calor para pedir uma moto-carro (é uma moto com porta-bagagens). Como é a Guiné-Bissau e muitos serviços correm mal, esperei 3h para chegar ao hotel. Foi um dia muito chato num sítio muito bonito. A culpa não é da ilha, que até é um sítio bastante agradável e desenvolvido para o que vi na Guiné-Bissau (certamente devido ao turismo). A culpa é, provavelmente, de algo que comi e que não estava em condições. Tive azar.

Foi interessante conhecer uma realidade mais turística da ilha e de como isso afecta a população guineense. Talvez por ter passado tanto tempo em Cacine, senti-me um bocado bicho do mato. Os posts grandes pa cacete estão quase a terminar. Vão aquecendo o nosso Portugal para quando eu chegar, meus caros 28 amigos. É muito isto.

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Olá olá. Este post é basicamente a tradução do post anterior, feito para os incultos que não percebem crioulo. Vamos a isto.

 

Boa tarde.

 

Como tinha dito, estou a fazer este post em Crioulo. Quero contar a minha experiência de aprender (um pouco) esta língua, a qual gostei bastante. A melhor maneira de aprender uma língua é passar muito tempo com pessoas que falam essa língua e tentar sempre falar nessa lingua. Para dizer a verdade, não consigui aprender a falar crioulo perfeitamente, falo com alguns erros, mas as pessoas aqui até percebem.

Quando cheguei, tive aulas com o Professor Idrissa depois da aulas de Informática, tal como disse. Depois de algumas semanas, deixámos de fazer aulas regulares. Entretanto consegui um livro que ensina crioulo e que ajudou bastante.

Também quero falar um pouco da língua crioulo propriamente dita. É bom para quem estiver a ler para saber mais (não podem dizer este blog não ensina cultura também). Então, Crioulo é uma língua que foi inventada para que os Africanos pudessem falar com os colonizadores, porque Africa tem muitas línguas étnicas que são muito complicadas para estrangeiros perceberem, como o susso, por exemplo. A língua crioulo junta algumas coisas do português com algumas coisas das línguas étnicas. Não considero português, como algumas pessoas dizem. É uma língua independente que está em constante evolução, como muitas outras línguas no mundo. É uma língua com um vocabulário menor que a língua portuguesa, ou seja, quem falar em crioulo tem que dizer muitas palavras para as outras pessoas perceberem (é por isto que os guineense falam rápido, têm muitas palavras para falar quando estão a conversar). É também uma língua que tem menos regras que o português: não tem palavras femininas ou masculinas. Tem poucos tempos verbais. Para mim, é uma vantagem ser parecido com o portouês porque consigo falar com palavras que já conheço do portguês. Mas é também uma desvantagem porque, algumas vezes, penso que estou a falar em crioulo, mas estou a misturar tudo. Outra grande diferença é que é uma língua para quem não tem tempo de falar de forma bonito: frases para pedir algum coisa, por exemplo, parece que é uma ordem. Também pessoas parecem sempre zangadas a falar.

Aprendi, também, bastantes expressões que os guineense usam que são muito engraçadas. São, muitas vezes, sons que as pessoas usam para mostrar supresa. Não vou explicar quais são porque não tem piada se não ouvirem.

 

Penso que não vou esquecer o que aprendi do Crioulo. Talvez ponha no meu curriculo que sei Crioulo básico. Que pensam, 27 amigos? Como é um post em Crioulo, não falei como num post em português e não fiz um post grande pa cacete. Já não falta muito tempo para voltar para Portugual. Para dizer a verdade, estou com bastantes saudades do pessoal em Portugual. Falta pouco. É muito isto.

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Bon tardi bon tardi.

 

Suma n’ fala ba, n’ sta fasi post na kriol. N’ misti fala di nha esperiensia di prindi (un bokadu) es lingua ki n’ gusta tciu. Minjor manera di prindi un lingua I pa pasa manga di tempo kon jintis ki ta Papua es lingua, I pa tenta sempri di papia na kil lingua. Pa fala bardadi, n’ ka pudi papi kriol pus, n’ papia kon algun ero, ma pisoas li i ta persibi.
Ora ki ami tciga, n’ tene ba aulas kon pursor Idrissa tudu dia dipus di aula di informatica, suma n’ fala ba. Dipus di algun semana, no para di fasi aula tudo dia. N’ kunsegui ba libru ki ta ensina kriol ki ajuda ba tciu.

N’ misti fala tambi un bokadu di lingua kriol propi pabia I bon pa kin sta le pa sibi un bokadu di es lingua (bo ka pudi fala es blog i ka ta ensina kultura tambi).

Kriol I un lingua ki sedu ba kriadu pa Africanus pudi papia con si kolonizaduris, pabia Africa i tene manga di lingua di tera ku I manga di difisil pa istrangeiro persibi, pa exemplu suma susso. Kriol ta junta kosas di portugis kon algun kusa di linguas di tera. N’ pensa ki i ka purtuguis faladu mal suma algun pisoas fala. I un lingua idenpendente, kon regras diferente ku sta evolui kon tempu, suma manga di lingua na mundu. I un lingua ki tene menus palabra ki portuguis logo, pissoas ki ta papia na kriol tene ki papia manga di palabra pa utrus pisoa persibi kil ki papia (pabia di es ki ginense ta papia rapidu tciu, i tene manga di palabra pa papia ora ki ta fasi konbersa). I tambi un lingua ki i tene menus regra ki na portuguis: i ka tene palabra fémininu ou palabra di homi. I tene menus tempus di verbu. Pa mi i ta favoreser di sedu parsido suma portuguis pabia n’ konsegui ta papia kon palabras ki n’ sibi na portuguis. Ma i tambi ka favoravel pabia alguns bias, n’ pensa ki n’ ta papia na kriol, ma n’ ta mistura tudu. Utru diferensa garandi i ki kriol i un lingua pa pisoas ki ka tene tempu pa papia di manera bonitu: frasi ki no ta fala pa pidi algun kusa, pa exemplu, i ta parsi suma obrigason na kriol. Tambi pisoas ki ta fala na kriol i ta parsi bravo sempri.

N’ prendi ba tambi manga di espreson ki guinense ta usa ku I engrasado mal. Manga di bias I son ki pisoas ta fasi n’ora ki ta papia, n’ora ki ta fika kon surpresa. I ka na bai esplika kal ki sedu pabia i ka tene piada sin abo obi.

 

N’ pensa ki n’ ka ta eskesi kil ki n’ prendi ba li di Kriol. Talves na pui conhesimentu di Kriol basico na curriculu. Ke ki bu pensa, nha 27 amigus? Kuma i un post na kriol, n’ ka ta papia suma post na portuguis ku ka ta fasi post garandi mal. I ka na falta manga di temp pa ami riba na Portugal. Pa papia bardadi, n’ tene manga di saudade di ña jintis di Portugal. Falta pouko pouko. I es propi.

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publicado às 18:43

Perto do fim

18.05.18

O meu tempo em Cacine está a chegar ao fim. Neste post vou descrever os últimos momentos dum sítio que foi a minha casa, base para muitas aventuras e local de trabalho durante 3 meses e meio. Será um post em jeito de conclusão da experiência de voluntariado. Mas não vos quero deixar tristes, a minha estadia na Guiné-Bissau ainda deve render um ou dois posts, não vou já sair da Guiné-Bissau.

 

As aulas de Português

 

Então, as aulas de Português foram aqui já postas no seu devido lugar da minha lista de gostos, mas no fundo foi uma boa experiência. Ser professor não é fácil e conseguir superar os desafios de dar uma aula é definivamente uma boa competência que levo comigo. Há uma turma em particular que acabei por dar mais aulas e a nossa útlima foi gratificante. Jogámos um ou outro jogo e rimos um bocado. São bons miúdos. Para contrastar, houve outra turma que foi muita mau, acho que nunca se tinham portado tão mal. Mas enfim, já pouco interessa.

 

As aulas de Informática

 

O meu trabalho principal e o qual dediquei a maior parte dos meus esforços foi o curso de Informática. A partir do momento em que percebi o ritmo e a forma como os meus alunos aprendem melhor, organizei muito melhor o resto das coisas que queria ensinar. Trabalhei bastante para fazer os tais guiões, tudo com imagens e setinhas. Fiz apresentações para sensibilizar sobre várias coisas, como por exemplo, a segurança na internet; que um anúncio a dizer "aumenta o teu pénis 1 cm" provavelmente não vai funcionar.

A última semana do curso não correu muito bem, tentei ensinar sobre como navegar na internet e como usar o e-mail. Os computadores da sala de informática não coloboraram e foi díficil cada aluno fazer os exercícios que eu pensei. Mas tranquilo, penso que os meus alunos aprenderam muita coisa que pode ser útil no futuro. Mais, não me limitei só a ensinar a fazer coisas sem nexo, insisti bastante para que praticassem e voltassem atrás para perceber como se faz, através de exercícios de revisão e assim.

 

Festa de despedida

 

A minha festa de despedida foi meio por minha causa, meio festa de conclusão do curso. Fiz um certificado para que possam ter uma prova fidedigna, assinado por mim em nome da associação e com carimbo, em como aprenderam sobre informática. Pode ser que seja útil para alguns deles no futuro. Também decidi, já que lhes ensinei como se usa, ofecer-lhes uma pen a cada um. Pode parecer uma coisa muito básica para o leitor ocidental que esteja a ler isto, mas nem eu esperava a felicidade que foi quando anunciei o que estava para lhes oferecer.

Na prática, a festa de despedida foi uma jantarada em que comi bom pato com arroz e demasiada malagueta, tudo organizado pelos alunos. Foi fixe. Tirei montes de fotos com todos. Esta gente é viciada em fotografias. Claro que incluiu momentos de dança, não fosse uma festa africana. Houve até oportunidade para os passos de dança desajeitados de um jovem professor português.

Nos dias que restaram em Cacine, tenho recebido todo o agradecimento pelo trabalho que fiz, de várias formas. Entrevista na rádio, presentes vários (muita manga, muito coconete, muita mancarra, panos africanos, etc.). O Alia ofereceu-me uma camisa di tera, que mandou fazer, que é tão fora do que eu costumo usar que dói. Mas vou estimá-la muito, pelo simbolismo. Não chorei, não se preocupem. Não tenho coração.

 

Neste momento já me encontro em Bissau. A data de regresso está muito próxima, mas ainda vou aproveitar para passear um bocado pelas ilhas Bijagós, que nem um branco turista que vem aqui usufrir da terra dos outros. Mais sobre esta aventura no próximo post grande pa cacete. Aguentem fortes, 26 amigos. É muito isto.

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publicado às 01:09

Neste post vou descrever um bocado como me sinto, quando não tenho o uniforme de professor vestido. Digo isto porque, quanto estou nas aulas ou a planear as mesmas, sou uma pessoa séria que encara o que estou a fazer como um trabalho. No restante tempo, sou uma criança em constante aprendizagem. Não só aprendizagem no sentido em que estou a conhecer uma cultura diferente, em que me tenho que adaptar aos costumes e cenas daqui, por mais crueis que eles sejam (relembro o pacote de sementes), mas porque estou numa realidade rural, num país que já à partida é bastante primário nas activadades do dia-a-dia.

 

Uma criança...


Durante toda a minha vida vivi no meio urbano. Não cresci propriamente numa cidade, mas desde o tempo da faculdade que a minha realidade é a vida lisboeta. O meu contacto com o meio rural não foi nulo, visitas a familiares na terrinha e assim introduziram-me a vida do campo. Mas, pela primeira vez, estou a viver no campo.

Estou a ter oportunidade de aprender como se fazem as coisas aqui, numa região em que tudo dá mais trabalho e há muito menos acesso a recursos. Tenho aproveitado para conhecer mais e experimentar fazer mais. Provavelmente é conhecimento que não vou aplicar noutro sítio, mas estou a gostar e faz-me sentir menos um estrangeiro, quase 'di tera'.

Em concrecto, há várias actividades que provavelmente só vou ter oportunidade que fazer aqui. Desde apanhar e preparar a malagueta, tirar água do poço (grande ciência, não dominei), lavar a minha roupa à mão (esta aqui é por necessidade), apanhar e preparar fruta, e outras (que não estou a ver agora).

 

...feliz

 

Já que falo de apanhar fruta, vou dedicar o resto do post à segunda parte do título. Já vimos que sou uma criança porque estou a aprender coisas básicas com as quais nunca tinha tido contacto. A parte do feliz é porque estou a ter uma experiência muita rica em termos de gastronomia (além do que já falei), particularmente em relação à fruta.

Especialmente por estar em Cacine, uma tabanca no meio do campo, o clima tropical cria muito boas condições para os mosquitos viverem, é certo, mas também para haver uma grande variedade de frutas exóticas. Algumas que nem sabia da sua existência. É muito engraçado perceber como a malta convive com as árvores de fruto. É normal ver crianças juntos às árvores, que estão por todo o lado, as árvores diga-se. Quando isso acontece, sei que estão a tentar apanhar algum fruto através do arremesso de pedras. É impressionante a precisão com que miúdos pequenos conseguem tirar a fruta das árvores, algumas delas a muitos metros de altura.

Quando cheguei cá, em Fevereiro, não é que houvesse grande coisa, ainda não era a época de nenhuma fruta. No entanto, a primeira vez que me fascinei com fruta aqui, por ser algo fora do vulgar para mim, foi quando fiz o tal passeio a Campeane. Lá, provei pela primeira vez, côco (aqui chamam 'coconete') acabado de apanhar. O que achei mais incrível foi a água de côco, muito bom. Gostei de ver o processo todo desde apanhar o côco, até o descascar e partir. Aqui usa-se uma catana para descascar e partir o côco. How cool is that? Entretanto, já aprendi como se faz e mantenho os meus dedos todos. 

Outras fruta que há muito aqui, como já referi, é o cajú. Não que seja a melhor fruta de sempre, na minha opinião, mas sabe bem e há em grandes quantidades. Dá para comer ao natural, fazer sumo e fazer compota. Com a castanha do cajú, dá para fazer o fruto seco aquele que já conhecia. O processo para obter o fruto seco do cajú é um bocado perigoso, por isso é que parte da minha aprendizagem não passou por aprender a preparar. Mas observei, portanto posso contar para quem quiser saber. Basicamente parte do fruto é uma casca rija, chamada "cuco de cajú" que têm lá dentro o fruto seco. Põe-se no fogo o cuco de caju até que incendeie. Aí, parte-se a casca,que por essa altura parece carvão, e lá dentro tem o fruto seco. Como podem imaginar, sabe muito melhor através deste processo natural.

Mas a fruta que me deixou mais fascinado (e uma criança histérica por dentro) é a manga. Em Portugual não há muita manga, sem ser daquela importada (provavelmente do Brasil). Por isso, a minha opinião em relação à manga, não é que valha muito porque nunca comi muita. No entanto e sem exagerar, as mangas que comi aqui são as melhores que já comi. A época da manga começou há umas semanas e há árvores por todo o lado. A quantidade de manga resultante é tão ridícula que os miúdos usam manga verde que cai no chão para atirar e apanhar outras mangas. Apesar de na época forte da manga já estar de volta a Portugal, sinto-me um grande sortudo por ter tido grandes quandidades de manga à minha disposição. A desvantagem é que agora que provei manga desta, não sei como vou comer da que se vê em Portugal.

Outras frutas que já experimentei, mas que não há em grande quantidade, vão desde o sumo de cabaceira (excelente), sumo de veludo (espectacular), lima e pinha. Pinha é meio estranho porque tem um dos melhores sabores em fruta que já provei, mas tem uma consistência de esponja para lavar a loiça (especialmente quando não está bem madura). Assim, fico dividido.

 

Vou concluir mais um post grande pa cacete quebrando a minha regra das fotos em posts, mas caguei. Faz sentido para completar a descrição desta parte da experiência. Aceitam-me como sou, 25 amigos?

 

A criança feliz com um côco na mão (em Campeane):

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 Cocô partido:

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 Manga acabada de apanhar e oferecida por um aluno de Informática (curiosamente, vai ter nota máxima):

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Fruto seco do cajú, acabado de fazer: 

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Malagueta apanhada por um jovem Português, plantada no quintal do meu canto:

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É muito isto.

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publicado às 17:06

O meu canto

05.05.18

Este post vai contra aquilo que disse aqui sobre posts com fotografias, ou seja, vou misturar texto com fotos. Acho que o sítio onde estou a morar é pertinente e digno de um post, tanto pela importância de ter um bom sítio para descansar, calmo e sossegado, como pelas coisas diferentes da minha realidade em Portugal que aqui há. Além disso, fico mesmo supreendido por que é um sítio bonito e bem cuidado.

Isto bem feito, deveria ter sido algo a descrever no ínicio, quando apresentei a casa. Mas é a velha história, não contem comigo para fazer um blog pensado. Vamos a isto?

 

Dei-me ao trabalho de fazer uma planta (mal amanhada) para ser mais fácil explicar a organização do espaço:

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Temos então: o portão, a garagem onde se guarda um jipe ainda com os sentimentos feridos, o casino onde se joga umas cartadas, a casa do Valterto, um armazém, um espaço de refeições, um poço onde se armazena a água das casas 1, 2 e 3 (casas para voluntários) e finalmente o chilling spot que contém duas redes.  A minha casa é a casa 2, é no mesmo edíficio que a casa 1, mas são casas separadas.

Não desenhei na planta, porque dava muito trabalho mas, a ligar os vários sítios, há uns passeios com conchas, como nesta foto. Já agora, a foto foi tirada em frente ao chilling spot, à frente pode ver-se o edifício que contem a casa 1 e a casa 2.

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Além dos edíficios, existe natureza por todo o lado: montes de árvores (palmeiras, pé de mango, limoeiros, planta da malagueta, árvore de pinha, etc.) e animais. 

 

Os animais são as galinhas, que andam à solta, e os gatos. Os gatos são bem diferentes. Estou habituado a gatos que sejam os donos da casa. A diferença dos gatos guineenses é que são gatos selvagens, no sentido em que ninguém trata realmente deles. Quando sobram restos do almoço ou do jantar dá-se para eles comerem. Tirando isso, os gatos têm que caçar. É bom porque apanham as cobras e  ratos que aqui entrem. Também é expectável que os gatos sejam diferentes porque, de acordo com a cultura bastante influenciada pela religião animista, os gatos são vistos como bichos pouco aconselháveis, portadores de espíritos maus. Então que, normalmente, são maltratados. Por exemplo, nunca consegui dar uma festa a um gato, eles fogem dos humanos.

A propósito dos gatos, nasceu uma ninhada há pouco tempo. Se desse para pôr likes no post, quantos teria a mais por colocar as seguintes fotos?

 

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"Estás a olhar para onde, oh palhaço?":

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Outro aspecto digno de nota e do qual quero falar é o poço. Como já disse anteriormente, a água não é um dado garantido, mesmo assim sou um dos sortudos aqui em Cacine que têm água canalizada. A água vem do poço indicado na planta e é bombeada para um reservatório de 2000L, de onde é encaminhada para as casas 1, 2 e 3. Ao pé da casa do Valberto tem outro poço ao lado da casa dele, mas esqueci-me de desenhar.

Na imagem podem ver o poço que fornece o bem essencial ao jovem português. Também podem ver a casa 1, 2 e 3.

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 Aproveitei para tirar esta fotos numa altura em que poço estava a ser aumentado (normalmente está fechado com cimento). O inteior do poço de 16m tem este aspecto:

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 Deixo também uma foto do chilling spot. O jovem português já dormiu boas sestas aqui:

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Esta foto foi tirada ao lado do armazém e mostra (da esquerda para a direita) a casa 3, o espaço de refeições e a casa 2.

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Como isto é um post atípico não vos vou chatear com a questão do post grande pa cacete, caríssimos 24 amigos. Algumas destas fotos e outras, ainda mais hipster, estão no meu instagram, caso tenham interesse. De qualquer maneira, é muito isto.

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publicado às 22:07




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