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Caros 29 amigos, a aventura chegou ao fim. Na verdade, escrevo este último post já em Portugal. Têm acontecido muitos reencontros neste retorno à realidade de Portugal, mas quem é que eu quero enganar? Tenho procrastinado imenso para acabar este texto. A boa notícia, além de não terem que aturar mais este jovem, é que darei um lamiré do que tem sido a experiência de voltar a Portugal, com uns olhos diferentes. Antes disso, vou refirir as conclusões que tiro desta experiência que fiz, apesar de achar que ainda não maturei/manirei suficiente o assunto.

 

A experiência

 

Uma coisa que, claramente, não preciso de maturar, é que a experiência foi incrível e que foi das melhores ideias que já tive (self-five). Habituei-me a realidade que não era a minha, com bastante menos conforto. Sobrevivi a aventuras desagradáveis, como a dolorosa remoção de um dente do ciso ou queimar embraiagens de um veículo que não é meu. Tudo sacríficios menores em oposião a um curso de informática bem sucedido (na minha opinião), aulas de Português que não devem ter feito pior, passeios por sítios incríveisnovos conhecimentos gastronómicos e, muito importante, as relações humanas. Tive a sorte de estar rodeado de pessoas que me receberam e cuidaram de mim. De alunos que me inspiraram a fazer mais e melhor, porque merecem que eu faça o meu trabalho, ainda que voluntário, bem feito. Não me vou enganar e deixar que a Bé tome conta de mim, sei que com 90% das pessoas que conheci vou perder o contacto, algumas partes da experiência vão ser esquecidas, mas é como comer a melhor manga de sempre: não me lembro do sabor, mas lembro-me de quão bem soube. Penso que não fui indeferente a algumas pessoas com quem convivi e que a minha passagem pela Guiné-Bissau possa ter contribuido para o futuro dessas pessoas, principalmente no que toca ao uso dos computadores. Estou contente com o que experienciei.

 

O pós-experiência

 

Estou de volta a Portugal. Foi a primeira vez que estive tanto tempo longe de casa e escolhi um destino bastante oposto daquilo que conhecia. Penso que a maior mudança que posso apontar, é que consigo relativizar (moderamente) as coisas que vão acontecendo no meu dia-a-dia. Bastantes problemas que icendeiam as conversas com amigos e família são agora menos importantes. Curiosamente, a minha tolerância a bichos aumentou bastante. Aconteceu, pouco depois de voltar, reparar que pegar numa aranha morta e mandá-la para o mato é algo que impressiona as pessoas, talvez até me surpreendesse a mim próprio há uns meses atrás

Resumindo, deve ser a melhor fase para me chatearem, porque o pavio é longo. Estou de volta a Portugal e, aparentemente pouca coisa mudou à minha volta, mas vejo as coisas com um olhar mais humilde e confiante. Numa pequena tabanca chamada Cacine, do outro lado do mundo, vivem pessoas que, apesar das dificuldades, são felizes. Saber isto, ou melhor ter presenciado isto, coloca os meus problemas não-assim-tão-sérios a um canto. Sei que este estado de graça não durará para sempre, mas vou tentar que alguma desta visão se mantenha, mesmo depois de me voltar a habituar a estar em Portugal. Conhecer outras realidades é fixe.

 

Como disse, o blog Um Jovem Português na Guiné-Bissau chega, com este post, ao fim. A conclusão que eu tiro disto de (de)screver a minha experiência é, essencialmente, que fui egoísta. Ah e que não quero saber. Eu escrevi estes posts com o propósito de reduzir o número de vezes que tenho de dizer a mesma coisa a pessoas diferentes, como disse no primeiro post. Portanto, quando me perguntavam "como está a ser?" eu respondia "está a correr bem. Isto é giro e tal. Mas olha, estou a escrever um blog hipster sobre a minha experiência <link>". Escrever este blog também me ajudou a reflectir sobre a experiência, enquanto ainda tinha tempo de corrigir a minha atitude perante a mesma. Portanto, apesar de não ter sido regular, penso que foi bom para mim fazer este relato. Além dos amigos e inesperadamente, houve um ou outro post que ganhou tração na comunidade do SAPO blogs, quem diria que desconhecidos teriam interesse nisto?

Agradeço a todos aí desse lado que acompanharam e que, de uma maneira ou de outra, fizeram conversa com informação que estava no blog. Confesso que a interação dava pica para continuar a escrever posts.

 

Por fim, aproveito o tempo de antena para apelar a qualquer jovem ou não jovem, português ou não português que, se sentir que quer fazer uma experiência diferente com bastante beníficio para a vossa vida, o projecto Amigos das Escolas da Guiné-Bissau espera por vós. Não acho que é uma experiência que funcione com todas as pessoas, depende de factores como a personalidade e a fase da vida em que a pessoas se encontre, mas acredito que os pequenos talentos que tenham, serão amplificados na comunidade de Cacine, que está sedenta de conhecer outra realidade. Da minha parte, disponibilizo-me para responder a qualquer questão ou para aprofundar algum aspecto da minha experiência que queiram. Para me contactarem, podem escrever para o meu e-mail: pedroddvale@gmail.com.

I es propi.

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