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Sim, isto é mais um blog de viagens (fu haters). Sem compromisso nem regularidade definida, vou relatar um pouco do que está a ser a minha experiência na Guiné-Bissau.
*Saudações em crioulo*
A este post pode-se chamar um filler post. No fundo, é um texto que não faz parte da história principal, nem sequer é uma história. O objectivo é falar de um tema que não consegui inserir noutros posts, por isso vou ter que dedicar-lhe um pequeno texto. Serve também para que o leitor não pense, em momento algum, que isto se trata de um blog sério, feito por um jovem português maduro.
Então, neste post, quero chamar a atenção para os nomes das pessoas aqui na Guiné-Bissau. Estes são bem diferentes dos que eu estou habituado a ouvir em Portugal. O grande problema é que existem nomes que têm uma conotação na lingua coloquial de Portugal.
Nomeadamente temos Mamadu, que é tipo o João cá do sitio. 'Mamado' é um termo que, se usado como adjectivo, na gíria portuguesa, remete para uma pessoa que bebeu demasiado ("estás todo mamado") e isso nem faz sentido porque geralmente não se bebe alcóol aqui em Cacine (influência da cultura islâmica). O mesmo termo também pode ser usado para descrever uma pessoa que não está a dizer coisa com coisa. Aí já é bem adequado porque por vezes falam susso (a língua imperceptível que falam aqui no sul da Guiné) comigo e eu poderia pensar "estás todo mamado".
Existe também o nome Mama-salio. Faz-me lembrar a palavra 'mamaçal', que é uma palavra da língua portuguesa que me diz muito. A semelhança é ainda intensificada pela maneira como dizem o nome aqui; cortam ligeiramente a última sílaba.
Depois existem nomes que se eu tivesse que apostar um rim, diria que são nomes de rapariga, mas depois vai-se a ver e são de rapaz. Por exemplo, Sana. Lá se vai um rim.
Dentro do mesmo assunto, também há uma tradição caricata, na etnia balanta, que é dar o nome do dia da semana em que a criança nasceu. Não sei exactamente se só às raparigas é que se dá o nome deste modo (é possível que aqui haja menos vagar para dar nomes a crianças com um sexo inferior), mas sei de raparigas chamadas Sábado, Segunda e Quinta. Foi o Valberto que me chamou a atenção para esta tradição, como curiosidade. Só há um ou dois dias da semana que não são atribuídos às crianças e o Valberto não me soube dizer porquê. Também não tenho assim tanta curiosidade para ir descobrir.
Tudo isto dificulta a vida de um Jovem Português na Guiné-Bissau que é professor e que tem de fazer a chamada nas aulas. Pode acontecer, e uma vez por outra acontece, que quando numa turma já estou a chamar o 5º Mamadu, o meu pensamento comece a ir para estas ideias inúteis e que se assemelham aos pensamentos de um adolescente de 13 anos, tipo aqueles que há dois posts atrás criticava. Pode também acontecer que, e normalmente acontece, o nome é demasiado complicado, eu o digo-o mal e que os alunos riem-se do erro (que imaturos).
Este pode ser um post mais inútil que o costume, mas ao menos não ficou grande pa cacete. Talvez este até valha a pena ler só para dizer que se preocupam, hã 15 amigos?
É muito isto.