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No post anterior, falo dos meus almoços. Esses almoços são apreciados na companhia de várias pessoas. Por essa razão e porque já tinha dito aqui no blog que iria falar sobre eles, parece-me uma desculpa para vos apresentar as pessoas que estão a marcar a minha experiência aqui na Guiné-Bissau. 

 

Francisco

 

Foi o Francisco que deu um destino a este meu plano de fazer voluntariado fora do país. Alguém mencionou que ele vive em Bissau e eu decidi falar com ele. Pôs-me em contacto com alguém que conhecia o Valberto e o seu projecto.

O Francisco é filho dos meus padrinhos de baptismo. Trabalha para a comissão europeia na área da cooperação e desenvolvimento. O gabinete dele é responsável por estabelecer o contacto com ONGs aqui da Guiné-Bissau que inclui a gestão dos fundos para as várias causas humanitárias.

Conhecia-o vagamente, nunca tivémos muito contacto, talvez por causa da diferença de idades (ele tem 36 anos, eu 24). No entanto, já depois de ter decidido que vinha para a Guiné-Bissau, ofereceu-me dormida na sua casa antes de eu ir para Cacine. Bom tropa. Também já me afiambrei para ficar na casa dele depois de sair de Cacine e antes de voltar para Portugal. Não vacilo

Além de me ter dado estadia na sua casa, cujos benefícios já descrevi aqui, apresentou-me Bissau. Também me deu a oportunidade de conhecer a realidade de europeus que vivem aqui, seja a trabalhar para a UE ou a trabalhar em ONGs. Achei impressionante. Existe malta a fazer cenas fixes e a ser bem sucedida profissionalmente enquanto ajudam um país com muitas necessidades.

Como pessoa, o Francisco parece-me bastante feliz, que me faz pensar que é uma pessoa confiante e resolvida. É muito inteligente e estudioso, desconfio que ele é bom no trabalho. Talvez por isso, consegue fazer uma experiência num país completamente diferente enquanto que tem boas condições de vida.

Entretanto, o Francisco já me veio visitar aqui a Cacine. Foi um fim-de-semana de passeio muito fixe. Também foi um óptimo fim-de-semana de abastecimento da minha humilde despensa (pedi ao Francisco para trazer alguns produtos de Bissau).

 

Valberto

 

O Valberto é talvez a pessoa mais responsável pela experiência que estou a fazer. Como já tinha dito quando apresentei a associação, é brasileiro e chegou à Guiné-Bissau há 21 anos, uma vida atrás, como pastor missionário da Igreja Envagélica. Talvez uma das coisas que desgosto nele é aquele discurso de brasileiro envangélico, de justificar as coisas com Deus nosso Senhor (não sei explicar melhor que isto). Mas tudo bem, aceitando isso, o Valberto é uma pessoa bastante inteligente e claramente benfeitora. Já não está ligado à missão envangélica para poder dedicar-se inteiramente ao este projecto aqui em Cacine. Estudou teologia e gosta muito de falar, então que temos tido umas conversas interessantes dos mais variados temas, ao almoço. Uma coisa que gosto nele e que não vai de encontro ao estereótipo de brasileiro envangélico, é que ele é bastante crítico em relação à sociedade guineense no geral. Isso é bom porque, por um lado, fico com a prespectiva boa através das vivências que tenho tido aqui e, por outro, tenho a prespectiva da realidade mais negativa de quem já teve muitas chatices. É bom ter a versão completa da experiência.

 

Robinho 

 

O Robinho é o filho adoptado do Valberto. Isto é muito díficil de encaixar na minha mentalidade ociental, mas a mãe do Robinho vive do outro lado da estrada. Simplesmente, quando o Robinho era pequeno passava muito tempo na casa do Valberto, então a família decidiu doar-lho. O Robinho sabe de tudo mas a relação com a mãe é como se fosse entre dois desconhecidos. É muito comum estas doações de filhos aqui na Guiné. Surreal.

O Robinho é um rapaz de 6 anos e tem muita piada. É aquele tipo de miúdo que é díficl de conquistar, mas a pouco e pouco acho que está a gostar da minha presença. Jogamos muito Uno, com bastante malta cá em casa, e eu gozo muito com ele, porque não resisto e porque sou campeão a jogar. Ele não gosta nada, porque é um miúdo competitivo.

 

Alia

 

O Alia é o meu buddy aqui. Temos idades próximas (ele tem 22 anos) e como também vive aqui na "propriedade" é talvez a pessoa com quem mais interajo aqui. Tem bastante paciência para me explicar coisas do crioulo, o que está a ajudar bastante. Não sei se é mesmo dele ou se a interação que ele teve com os vários voluntários que vão passando por aqui o ajudou, mas é um miúdo bastante educado e simpático. Do que já vi, é aquele tipo de pessoa em que as pessoas que o conhecem gostam dele, imediatamente. A ir para qualquer lado com ele, é normal ver muitas pessoas a cumprimentam-no. Já lhe disse que ele vai ser presidente da República da Guiné-Bissau, mas ele não me leva a sério.

Na verdade, ele está a viver na casa do Valberto porque o trabalho dele é este. Ele tem que tomar conta de muitas coisas e passa a maior parte por casa. Não obstante, é um jovem que tem objectivos. Há-de estudar o 12º ano em Bissau e, se conseguir, aspira a fazer um curso superior no Brasil. Nasceu num sítio com poucas oportunidades mas acredito que ele até se vá safar na vida.

  

Helen

 

A Helen é uma voluntária do Canadá. Tem 62 e já tem muitos anos disto. Já passou, ao todo, uns 3 anos na Guiné-Bissau, sempre a fazer voluntariado. Durante a minha estadia, a Helen concluiu os 5 meses que fez cá. Foi embora há duas semanas.

Apesar de ter idade para ser minha avó, foram fixe as interações que fomos tendo. Ela é a pessoa mais perto da minha mentalidade, inevitavelmente, ocidental. Por isso pensamos da mesma forma em relação a alguns assuntos. Além disso aproveitámos alguns fins-de-semana para fazer uns passeios pela zona, com distâncias na escala dos 40 km. Também quero chegar aos 60 com a mesma energia que a Helen.

Uma coisa fixe, foi que deu para praticar o meu inglês ao falar com a Helen. Combinei com ela só falarmos em inglês com esse mesmo propósito. Vim para a Guiné-Bissau também para praticar inglês, quem diria? Além disso, sou um bocado fascinado com sotaques, acho-lhes muita piada. Ouvir o ocasional "abôut" e a interjeição "eh", tipicamente expressões canadianas, faziam o meu dia.

Tirando estas, há mais pessoas que fazem parte da minha rotina, como os alunos de Informática e português. Mas não vos maço mais. Não consegui tornar este post, grande para cacete, mais interessante que isto. Ao menos não vos desiludo, 20 amigos. Com esta conclusão, acabo de decidir qual vai ser o título deste post. É muito isto.

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publicado às 16:30





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